O Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização sobre a prevenção ao suicídio, uma oportunidade importante para discutirmos saúde mental, acolhimento e apoio a quem enfrenta desafios emocionais. Dentro desse contexto, uma abordagem terapêutica que tem ganhado destaque é a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), que propõe um caminho de transformação através da aceitação dos nossos pensamentos e emoções, ao mesmo tempo em que nos comprometemos com ações alinhadas aos nossos valores.
A ACT se baseia em dois pilares principais: aceitação e compromisso. Aceitação não significa resignação, mas sim uma postura de abertura e disposição para acolher a dor, os pensamentos difíceis e as emoções desconfortáveis, sem tentar evitá-los ou controlá-los a todo custo. Essa ideia é particularmente relevante no contexto do Setembro Amarelo, em que muitas vezes a dor emocional é abafada ou mal compreendida, criando um ciclo de isolamento e sofrimento.
Ao aceitarmos nossas experiências internas, a ACT nos ensina a desarmar a luta constante contra pensamentos negativos e emoções difíceis. Em vez de evitá-los, aprendemos a permitir que eles existam, reconhecendo que fazem parte da condição humana. Esse processo de aceitação pode ajudar a reduzir o sofrimento associado ao julgamento de si mesmo, algo comum em quem enfrenta crises emocionais ou pensamentos suicidas.
Por outro lado, o "compromisso" em ACT refere-se ao engajamento com ações que refletem os nossos valores mais profundos, independentemente das dificuldades emocionais que possamos estar enfrentando. Durante momentos de vulnerabilidade, como os que podem ser evidenciados em crises suicidas, reconectar-se com esses valores pode ser um ponto de virada para quem está em sofrimento. Imagine alguém que, apesar da dor emocional, se compromete com ações que honram o valor de cuidar das pessoas que ama. Mesmo em meio à tempestade interna, essa pessoa pode encontrar um fio de propósito, uma direção que mantém a chama da vida acesa. A ACT, portanto, não busca eliminar o desconforto, mas sim ajudar o indivíduo a viver uma vida significativa apesar dele.
No Setembro Amarelo, refletir sobre as estratégias que podem nos ajudar a acolher o sofrimento, como a ACT, é um passo crucial para promover uma cultura de acolhimento, respeito e apoio emocional. A prevenção ao suicídio não passa apenas pelo tratamento dos transtornos mentais, mas também pelo incentivo ao diálogo aberto e pela valorização do viver com propósito, mesmo diante das dificuldades.
O Caminho para a Esperança
A ACT pode ser uma poderosa ferramenta no trabalho de prevenção ao suicídio, ajudando as pessoas a reconhecer que o sofrimento emocional, por mais intenso que seja, pode ser enfrentado de forma diferente. Ao aceitar a dor e, ao mesmo tempo, se comprometer com aquilo que dá sentido à vida, é possível encontrar um caminho de esperança e resiliência.
Neste Setembro Amarelo, que possamos fortalecer a mensagem de que não precisamos lutar sozinhos. Aceitar não é desistir, e sim uma forma de honrar a nossa humanidade, enquanto nos comprometemos com uma vida de significado e conexão.
"A vida é um fio delicado que tece momentos de dor e alegria, e cada batida do coração é um lembrete de que, mesmo nas tempestades, o brilho da existência sempre merece ser celebrado."
Autor: Luis Henrique Dias - Psicólogo CRP 28412