Desde a Primeira Revolução Industrial e os avanços tecnológicos que acompanham o mundo há algumas décadas, é nítido que esses levaram a sociedade a passar por transformações sociais e globais. Há quem diga que tais transformações são boas e outros que discordam desse pensamento.
A tecnologia com certeza veio como um salto gigantesco para humanidade e contribuiu com grandes efeitos positivos; ela agilizou processos, globalizou países distantes e inovou os meios de comunicação, a questão é: que comunicação?
Junto a essas mudanças positivas, pode ser observada uma alteração de comportamento social dos indivíduos. Ao se relacionarem virtualmente, as pessoas se tornaram cada vez mais reclusas, o que é um grande paradoxo, pois aquilo que serviria para um envolvimento interpessoal maior acabou afastando os seres humanos. Um palpite sobre? A reclusão em seus meios tecnológicos faz um maior distanciamento real entre a pessoa e seus familiares, seus amigos, “coworkers” e toda sua rede relacional por consequência.
O relacionamento interpessoal de um indivíduo pode ser definido pela relação entre duas ou mais pessoas, seja no contexto familiar ou de trabalho, escolar, social e outros. O homem, em sua essência, é um ser relacional, portanto tem uma grande importância na vida de cada um.
John Cacioppo, psicólogo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, publicou um estudo baseado em pesquisas de outros cientistas com idosos e notou que o sentimento de solidão, mais do que o isolamento físico em si, aumenta os níveis de cortisol; hormônio ligado à resposta ao estresse; no corpo. A presença do cortisol eleva a pressão arterial, reduz o sistema imunológico e pode, entre outros fatores, contribuir para o declínio do desempenho do sistema cognitivo. A falta de interação com amigos e familiares também colabora com o aparecimento da depressão, da demência precoce e de problemas cardíacos.
Paralelamente a isso, atualmente há um contexto pandêmico mundial no qual exige de maneira geral o isolamento físico da população em prol à saúde pública. Esse movimento de distanciamento social aumentou ainda mais os problemas psíquicos dos indivíduos, o que infelizmente levou a um crescimento gradativo nas taxas de casos depressivos e o suicídio.
“Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto da doença do novo coronavírus como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. A OMS afirmou que havia um alto risco de que a doença do coronavírus 2019 (COVID-19) se espalhasse por outros países no mundo todo. Em março de 2020, a OMS avaliou que a COVID-19 podia ser caracterizada como pandemia. A OMS e autoridades de saúde pública no mundo todo estão agindo para conter o surto da COVID-19. Entretanto, essa crise está gerando estresse na população. Essas considerações de saúde mental foram desenvolvidas pelo Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OMS como uma série de mensagens dirigidas a diferentes grupos para apoiar o bem-estar mental e psicossocial durante o surto de COVID-19.” (OMS, 2020).
Mediante o cenário exposto, o ser humano se encontra novamente em uma posição adaptativa, sendo assim a humanidade terá que reaprender a se relacionar de maneira saudável dentro dos novos padrões impostos e diante essa evolução, não permitindo perder esses vínculos tão essenciais para a saúde mental.
Vamos conseguir!
Autora: Psicóloga Juraci de Cássia Araújo - CRP 08/16115