Olhar atento para as migrações

A migração já existe desde os primórdios da nossa humanidade, possuímos uma alta capacidade de adaptação. Mas, apesar de nosso potencial inato de adaptação, a experiência migratória pode apresentar extrema vulnerabilidade bio-psico-social e este é o ponto importante no qual iremos abordar.

Por muito tempo, a migração foi vista com um certo glamour e idealização, promovendo uma visão distorcida da realidade das pessoas que mudam para novas culturas. Trazer à tona suas dificuldades, se faz importante para desenvolvermos um olhar atento e sensível a esta população que se arrisca ao recomeçar a vida em terras estrangeiras.

No contexto da migração, percebemos que o estresse está presente de várias formas; na ansiedade pré-migração, no estresse de aculturação, nas dificuldades pós-migração como, a distância da família, dificuldades no domínio da língua, dificuldades com a nova cultura, pouca rede de apoio, desemprego, pobreza, o risco de uma imigração ilegal pode aumentar ainda mais as situações de vulnerabilidade, violência entre outros.

Desta forma, compreendendo a complexidade da migração, notamos o quanto a pessoa que migra, está exposta a diferentes tipos de desencadeadores de transtornos de ansiedade e depressão.

E o TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), se apresenta como um dos transtornos de ansiedade que pode ser desenvolvido neste contexto.

O que é TEPT e como diagnosticar?

De acordo com o DSM-V: O traço essencial deste transtorno é que seu desenvolvimento está ligado a um evento traumático de natureza extrema. Uma parte significativa dos sobreviventes de experiências traumáticas irá desenvolver uma conjunto agudo de sintomas de TEPT, que são:

Exposição a um evento estressor, revivescência do evento traumático, esquiva persistente a estímulos associados ao trauma (esforço para evitar conversas, assuntos, pensamentos que retomem ao trauma), sintomas persistentes de excitabilidade aumentada, a duração da perturbação que é superior a um mês e causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida da pessoa.

As alterações neuropsicológicas identificadas foram principalmente:

· Dificuldade em adormecer ou manter o sono/ permanecer a dormir;

· Irritabilidade;

· Dificuldade de concentração;

· Hipervigilância;

· Resposta de alarme exagerada.

Nem todas as pessoas que vivenciam um acontecimento traumático, desenvolvem TEPT. Como vimos, há fatores de risco, mas também há fatores de proteção. Assim, quando os mecanismos de coping (capacidade individual de enfrentamento/ ou capacidade para lidar com situações difíceis) normais falham, ou são insuficientes para lidar com a situação.

A reação aguda ao estresse que ocorre até as 48 horas após o evento traumático é adaptativa, contudo pode evoluir para outras psicopatologias, como: ansiedade, depressão, transtorno de estresse agudo (TEA) ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Como tratar?

Se você se identificar com algum ou mais sintomas, é essencial buscar tratamento com profissionais para um diagnóstico conclusivo e seguro. Dentro das possibilidades de tratamento é recomendado o acompanhamento através da psicoterapia com psicólogo, neuropsicólogo e também acompanhamento com psiquiatra.

Preste atenção aos sinais e busque ajuda! Não subestime os níveis de estresse que a vida em outro país pode desencadear. Cuide-se!

 

Autora convidada: Psic. Daniele Ribeiro (CRP 08 25373)

                                 Psicóloga Clínica com atuação em imigração

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