A gestação é um período repleto de mudanças físicas, emocionais e psicológicas para a mulher. Nesse contexto, a psicologia desempenha um papel fundamental, ajudando a futura mãe a enfrentar os desafios e aproveitar os momentos de forma mais saudável e equilibrada. E é aí que entra a figura da doula, um apoio valioso que complementa o suporte psicológico durante toda a jornada da gestação.
Durante a gestação, as mulheres podem experimentar uma ampla gama de emoções, desde alegria e excitação até ansiedade e medo do desconhecido. A psicologia desempenha um papel crucial ao fornecer ferramentas e estratégias para lidar com essas emoções de maneira construtiva. Os profissionais de psicologia perinatal estão especialmente treinados para entender as complexidades emocionais da gravidez e ajudar as mulheres a navegar por esse período de transformação.
Um dos principais benefícios da psicologia durante a gestação é o suporte emocional. Os profissionais de psicologia podem ajudar as mamães a explorar seus sentimentos, medos e expectativas em relação à maternidade, oferecendo um espaço seguro para expressar suas preocupações e emoções. Isso é crucial para promover o bem-estar emocional da mãe e fortalecer seu vínculo com o bebê.
Além disso, a psicologia na gestação também pode oferecer orientação e suporte para lidar com questões como alterações hormonais, estresse, conflitos familiares e ansiedades relacionadas ao parto e à parentalidade. Ao aprender a reconhecer e gerenciar esses desafios, as mulheres podem se sentir mais confiantes e preparadas para enfrentar os altos e baixos da gestação.
É aqui que a doula entra em cena como uma aliada fundamental. Ao contrário do que muitos pensam a doula não é apenas aquela mulher que faz massagem na gestante durante o trabalho de parto, o acompanhamento dela começa ainda na gestação sendo um amparo emocional, físico e informacional, proporcionando à gestante e sua família o acesso à informação necessária ao se preparar para os momentos que viverão posteriormente, seja os desafios do próprio período gestacional, o dia do parto e nascimento do bebê e também o pós-parto, que por si só já vem com aspectos hormonais, físicos, psíquicos, emocionais e da necessidade de gerenciar uma demanda que essa mulher não tinha antes, seja num primeiro filho ou na administração de uma casa com mais de uma criança.
Ao longo da gestação a doula se coloca à disposição da gestante para sanar dúvidas, orientando equipe multidisciplinar sempre que possível e ofertando acesso a aulas, estudos, livros, a fim de auxiliar na preparação dessa família para essa chegada de maneira mais consciente e baseada em evidências científicas, rompendo paradigmas, ideais e informações falsas que comumente são repassadas pela cultura popular. O Brasil é o segundo país que mais faz cesarianas no mundo, e muito disso se deve ao fato da sociedade estar imersa por um conhecimento muito distante do que a ciência diz – e as doulas entram como agentes de acesso à informação neste cenário, proporcionando à gestante uma tomada de decisão verdadeiramente consciente de riscos e benefícios ao longo de todo o processo.
Ao entrar em trabalho de parto a doula é a profissional que fica o tempo todo junto da parturiente e quem a estiver acompanhando, proporcionando amparo emocional, orientação de posições e exercícios para o bom andamento do trabalho de parto, auxiliando com o alívio da dor durante o processo, informando procedimentos, colaborando na tomada de decisões e proporcionando uma experiência mais positiva de encontro entre o bebê e sua família, promovendo a golden-hour (contato pele a pele) e amamentação ainda na primeira hora de vida, sempre que possível e se esse for o desejo da mulher. Quando a decisão pela via de nascimento cirúrgica é tomada, seja por indicação médica ou desejo materno, a doula permanece ao lado orientando toda a dinâmica do procedimento, estando junto durante a anestesia, apoiando o acompanhante, promovendo um ambiente menos cirúrgico emocionalmente falando (através, por exemplo, do uso de óleos essenciais para minimizar o cheiro, colocando uma música de escolha do casal para receber o bebê, etc), auxiliando também na golden hour e amamentação na primeira hora de vida quando autorizado pela equipe, e estando ao lado da mulher em todo o tempo, mesmo quando o acompanhante vai com o bebê para os primeiros cuidados, a mulher nunca fica sozinha. O amparo emocional em ambos os casos, proporcionado pela figura da doula, é essencial.
Por fim, o auxílio com a amamentação e o contato com a família no pós-parto também auxilia na identificação de sinais de alerta, como depressão pós-parto, estímulo à construção gradual do vínculo desta família com esse bebê, informações ao longo das primeiras semanas e apoio sempre que essa família precisa. A doula é a profissional que está presente do início do processo gravídico até o fim do puerperal, sendo uma rede de apoio profissional que tem seu efeito comprovado através de estudos, e sua presença incentivada pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério de Saúde, e garantido por lei na cidade de Londrina e no estado do Paraná.
A relação entre a doula e a psicologia durante a gestação é profundamente integrada. A doula atua como uma extensão do suporte psicológico, utilizando técnicas de comunicação empática, escuta ativa e promoção de um ambiente seguro e acolhedor para ajudar a mãe a se sentir mais confiante, calma e preparada para o parto.
Em suma, a psicologia desempenha um papel essencial na gestação, oferecendo suporte emocional e orientação para as mulheres enfrentarem os desafios dessa jornada. A presença da doula complementa esse suporte, fornecendo apoio prático e emocional contínuo, e fortalecendo o bem-estar emocional da mãe durante toda a gestação. Juntas, a psicologia e a doula formam uma equipe poderosa, capacitando as mulheres a viverem uma gestação mais saudável, feliz e significativa.
Autores:
Luis Henrique Dias e Isabela Garrido